quinta-feira, 8 de junho de 2017

CALÇADÃO AGONIZANTE ESPERA SOCORRO QUE NUNCA CHEGA - James Pizarro (Diário de Santa Maria, 23.05.2017)

Testemunhei toda a construção do primeiro  calçadão em cidades brasileiras.  No período 1970/72 residi em Curitiba, quando fiz meu curso de especialização em Ecologia na  Universidade Federal do Paraná, já como docente da UFSM e bolsista da CAPES. 
Acompanhei a titânica luta do então jovem prefeito Jaime Lerner que – contra forte oposição, sobretudo do comércio – no dia 20 de maio de 1972 transformou a rua XV de Novembro no mundialmente  famoso Calçadão de Curitiba ou “Rua das Flores”. Desde aquela época tornei-me adepto dos calçadões.

Lembro com satisfação da instalação do calçadão de Santa Maria, na outrora “Primeira Quadra” durante a gestão do prefeito Osvaldo Nascimento. Das luminárias redondas. Das árvores. Enfim, do projeto original todo.

Passaram-se os anos. Vieram as reformas ao projeto original do calçadão.  Consulto um trabalho intitulado “Equívocos no Planejamento Urbano de Santa Maria”, de autoria dos arquitetos Cássio Lorensini, Larissa Carvalho Trindade, Luiz Guilherme Aita Pippi e Marcos Cartana.  Com a palavra os arquitetos a respeito das reformas :

A reforma, propagandeada amplamente pela Prefeitura, mostrou-se inadequada desde sua inauguração: as poucas árvores ainda existentes foram removidas, causando um aspecto árido e desconfortável; os canteiros elevados foram desenhados com ângulos pontiagudos, dificultando a circulação de pedestres; os materiais empregados no revestimento de piso além de possuírem baixa estética paisagística são inadequados para o grande fluxo e o mobiliário urbano foi disposto de maneira aparentemente aleatória, prejudicando os espaços de convivência e a própria iluminação noturna.”

Aspectos técnicos a parte, como morador e frequentador diário do calçadão, conheço suas mazelas. Suas deficiências. O abandono a que foi relegado nos últimos anos. Converso com seus frequentadores. Os aposentados que fazem fila na lotérica. Os militares reformados. Os cantores de música pop, americana ou evangélica.

Os bancos não estão chumbados, isto é, parafusados ao chão. As pessoas trocam os bancos de lugar. Nos assentos e encostos dos bancos  faltam ripas ou estas estão quebradas. As floreiras são depósitos de milhares de “bitucas” de cigarros e latas de refrigerantes.

Lajotas quebradas não são repostas e, em seu lugar, é colocado cimento tornando o piso irregular. O que deveria ser um local de passeio é uma tortura para idosos que usam bengala, andador ou cadeirantes. O calçadão precisa de guardas permanentes e de um jardineiro fixo. Faltam lixeiras novas.


O calçadão deveria ser nosso cartão postal. Assim como está, é um borrão na paisagem !!!  

Nenhum comentário: