quinta-feira, 2 de junho de 2016

TRIBUTO A BRUNO SCHIRMER - James Pizarro, jornal A RAZÃO, edição de 2/6/2016

COLUNISTAS

Tributo a Bruno Schirmer

James Pizarro
por James Pizarro em 02/06/2016
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Conheci, convivi e fiquei amigo do Sr. Bruno Schirmer no início da década de 60. Já cursando o primeiro ano do Curso de Agronomia, em 1963, participei do Curso de Apicultura na Sala JK do edifício da Antiga Reitoria, uma iniciativa da Associação Santamariense de Apicultura, fundada e presidida por Bruno Schirmer. Fui o encarregado de passar os “slides” na palestra ministrada pelo saudoso eng. agrônomo Armando Adão Ribas, professor de Zoologia Agrícola, disciplina da qual fui monitor durante três anos e depois professor.
Bruno nasceu em 26 de outubro de 1904, na localidade de Caemborá, a época 8º distrito do Município de Júlio de Castilhos, hoje pertencente à Nova Palma, casou-se em Júlio de Castilhos com a Srta Isabel Frescura (com quem teve 8 filhos).
De origem alemã, tendo domínio da língua de seus antepassados e também do inglês, foi por várias vezes o tradutor das muitas representações brasileiras em congressos apícolas pela Europa, E.U.A e Canadá. Cientista e pesquisador nato, conferencista, professor de Cursos de Apicultura, Odontólogo prático-licenciado (consultório no Ed. Francisco Calil, na Dr. Bozano, 1205).
Seu neto Frederico Guilherme Schirmer, meu amigo pessoal e professor de Geografia em Santa Maria foi bem claro ao falar do avô : “Foi homem honesto com ideais patrióticos e com invejável senso humanístico e memória privilegiada, teve, nada mais, nada menos, que 35 anos ininterruptos de estudos e dedicação à Apicultura brasileira”. Em 1948, aos 44 anos, que vem residir em Santa Maria, onde mais tarde fundaria o JORNAL apícola “A Colméia” (primeiro e talvez único do gênero no país), órgão que se dedicava a técnica da Apicultura. Periódico de circulação nacional e internacional, do qual era proprietário, diretor e editor, teve, por 28 meses (agosto de 1971 a dezembro de 1973), grande aceitação em todo o mundo apícola, sendo distribuído em 33 países com intercambio Seu ponto alto na apicultura nacional foram suas inúmeras invenções de apetrechos apícolas, 25 no total, batendo, portanto, o recorde mundial em invenções desse gênero, o que imortalizou seu nome no cenário apícola nacional e internacional. Seu maior destaque foi à invenção da COLMEIA SCHIRMER temperada e a tropical, que bateram o recorde mundial por sua ampla versatilidade dentro da biologia apícola em nosso clima e nossa riqueza florística, com 40% menos mão-de-obra e 30% mais mel.
Foi fundador de várias associações de apicultores: Associação Santamariense de Apicultura, a Federação das Associações de Apicultura e a Confederação Brasileira de Apicultura (fundada em 28 de janeiro de 1968) sendo seu presidente e posteriormente presidente honorário. Foi ainda o primeiro representante brasileiro na Apimondia.
Poucos sabem, mas Bruno Schirmer foi autor do livro “Apicultura para Escolas Primárias” que estava em fase de revisão e não chegou a ser publicado, a exemplo do livro “Colméias” também em fase de revisão, ambos não tendo sido publicados em função do seu repentino falecimento. Material esse que, infelizmente, não sabe-se o paradeiro!
Faleceu em 27 de dezembro de 1973, com 69 anos, em Canoas-RS, onde estava residindo e exercendo suas atividades com a edição de “A Colméia”. Está sepultado no cemitério Santa Rita, no bairro Camobi, em Santa Maria.Em sua homenagem foi criado, em 2001, o Memorial Professor Bruno Schirmer, junto à sede da Associação Santamariense de Apicultura, a época também sede da Confederação Brasileira de Apicultores, e presidida pelo Prof. Silvio Lengler. Tradicionalmente, nosso povo é de má memória. Daí a razão desta crônica de hoje.
James Pizarro

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