quinta-feira, 24 de março de 2016

COLUNISTAS

Pingo de mel

James Pizarro
por James Pizarro em 24/03/2016
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De apelido “Vica”, o Dr. Miguel Sevi Viero foi professor de Química do Maneco e também prefeito de Santa Maria. Homem de quase dois metros de altura, quase careca, gritão, barulhento, brincalhão, extrovertido, não havia possibilidade de silêncio ou tristeza por onde estivesse ou andasse. Morava à Rua Dr. Bozano, quase na Praça Saturnino de Brito, num prédio de dois andares, encimado pelo único “relógio do sol” que a cidade tinha.
Durante anos exerceu as funções de médico proctologista do instituto de previdência dos ferroviários, já que antes da unificação da Previdência Social no país (criação do INPS, depois INSS), cada categoria de trabalhador tinha seu próprio instituto.
Juntamente com sua esposa, foi proprietário de um restaurante chamado “Pingo de Mel”, que funcionou à Rua Venâncio Aires, em frente ao atual Restaurante Bovinus e Associação Rural. O restaurante servia saborosas iguarias, sob encomenda, como “pato laqueado”, além dos primorosos doces feitos pela Dona Eugênia, esposa de “Vica”.
O restaurante “Pingo de Mel” era avançado demais para o público santa-mariense. Pois a população sempre teve o duvidoso gosto por restaurantes enormes, com dezenas e dezenas de mesas, onde as pessoas podem ir para ser vistas. Locais onde a gente nem pode conversar direito, tal o barulho. E todos podem cuidar da vida de todo mundo, desde o modo de vestir, passando pelo prato pedido até à observação do companheiro da refeição.
O “Pingo de Mel” tinha menos de 10 mesas, era aconchegante, atendido pelos proprietários, típico local para se namorar ou comemorar uma data mais íntima. Local para ser frequentado por civilizados, não movidos a suco gástrico, saliva e peristaltismo intestinal. Por gente que quer algo mais...música suave, enlevo, paz e um certo bolor de Primeiro Mundo. Por isso, infelizmente, tal restaurante teve vida efêmera.
James Pizarro

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