quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

SENTIMENTOS - James Pizarro (25/02/2016)






COLUNISTAS

Sentimentos





James Pizarro

por James Pizarro em 25/02/2016
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Felicidade - Não existe ressonância magnética nem tomografia computadorizada que diagnostique a infelicidade. A tristeza. O mau humor. A melancolia. O aperto no peito produzido por uma paixão não correspondida. A gente não pode entrar numa farmácia e comprar um quilo de bom humor. Ou quinze centímetros de felicidade. Mesmo porque a felicidade não existe. A felicidade vai. E vem. A felicidade é peregrina! O que nós temos são momentos de felicidade. Entremeados de momentos neuróticos. O resto é ficção científica.
Depressão - O século XX foi uma época de cobrança de desempenho... pais, professores, etc..se tornaram - na melhor das boas intenções - algozes dos filhos e alunos, cobrando-lhes sucesso a qualquer preço. A gente era obrigado a buscar (e alcançar) o sucesso. Ser reprovado no vestibular, por exemplo, era um satânico fracasso. Por isso, o grande número de ansiosos e angustiados na minha geração. Já neste século XXI surge depressão precoce, a tristeza, a apatia, o desânimo, a autopiedade..., mesmo naqueles jovens e adultos que têm todas as condições materiais resolvidas. Apareceu uma coisa dantesca e desconhecida no mundo civilizado: a depressão infantil. Por isso, o grande número de jovens no ensino médio e universitários que sofrem de... digamos... melancolia. Eu me encorajo a dizer: se algum de vocês passa por sentimentos semelhantes a esses - que são emoções paralisantes – procure ajuda sem medo algum, sem preconceito algum. Procure um psicólogo ou psiquiatra de sua confiança e faça terapia. Se não tiver um plano de saúde ou não tiver condições financeiras de pagar o profissional, procure os ambulatórios dos cursos de Medicina e de Psicologia em que existem estágios onde os alunos recém-formados estão fazendo especialização ou mestrado nessa área, com supervisão de seus professores de renomada competência. Nestes locais você fará terapia gratuitamente. Espero ter ajudado muita gente a tomar esta decisão: investir em sua própria saúde para ser mais feliz!!!
Melancolia – “Clamor do Sexo”, feito há 60 anos, é um filme sobre a família e seus conflitos. Sobre o amor e sexo entre os jovens. Pais que são contra namorados dos filhos. Professores e pais que jamais aprenderam a ajudar seus filhos e alunos. Famílias que eram ricas e a depressão econômica tornou pobres. Mas o que mais me chamou a atenção no filme é uma cena melancólica. Os dois namorados, cujo amor não deu certo por causa de múltiplos fatores, se encontram muitos anos depois. E é uma decepção total. O grande objeto de desejo de outrora não significa absolutamente mais nada. Tudo terminou. Eles estão secos por dentro. São estranhos. É um encontro pungente. Que remete à solidão. À melancolia. Os mais jovens experimentarão esta mesma sensação futuramente. Pode ser com uma colega de infância. Uma namoradinha que ocupou nosso cérebro e nossa alma com sofreguidão. Uma colega de faculdade. Pessoas que foram importantes no nosso mundo afetivo. Passam-se os anos. E ao rever aquela pessoa que deixava nosso coração em chamas, ela se transforma num borrão na paisagem. Não nos diz mais nada. Tudo virou uma oceânica decepção.
E a gente vira as costas.
E saí caminhando. Passos lentos. Olhar perdido. Uma ardência no peito.
E uma certa estupefação diante
do mundo.




James Pizarro

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