quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ao Professor Edgar


James Pizarro

por James Pizarro em 15/10/2015
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Foi um mestres que teve imensa influência na minha formação. Sempre nutri verdadeira admiração por sua cultura e inteligência. Ficava fascinado por sua extraordinária memória. É de sua autoria essa frase que sempre usei para meus alunos: “A memória é esta incrível faculdade que só possui uma propriedade: a de esquecer as coisas que aprendeu”.
E o Edgar nos ensinava então que, “para não esquecer, só há um método: a técnica da repetição”. Foi meu professor de francês durante três anos no Maneco. Anos depois, já formado em Agronomia, quando resolvi cursar Comunicação Social-Jornalismo (acabei cursando apenas 4 semestres) foi novamente meu professor na disciplina de “Comunicação em Língua Francesa”. Ex-seminarista, cunhado do Irmão Vitrício (famoso pelos seus dons mediúnicos e parapsicológicos), o Professor Edgar era dono de uma vastidão de conhecimentos que embasbacava alunos sensíveis como eu, que ficavam boquiabertos diante do mestre.
Morava num apartamento da Galeria do Comércio, no Calçadão. Depois de aposentado, foi morar nas proximidades do Supermercado Nacional, à Rua Marques de Herval, onde o visitava sempre. No intervalo de uma das aulas da Comunicação Social, fui ao corredor falar com o mestre, porque havia achado o mesmo meio triste, depressivo, durante a primeira hora de aula. Contou-me ele que tinha acabado de chegar de viagem, motivada pela morte de um irmão seu, figura a quem muito prezava. Deitou a cabeça sobre a báscula da janela do corredor do prédio da Antiga Reitoria e pôs-se a chorar, o que muito me comoveu. Há alguns anos, sofreu cirurgias melindrosas para lhe extirpar um câncer intestinal, razão pela qual ficou mais de dez horas anestesiado. Disse-me ele: “Acho que as anestesias deixaram sequelas na minha memória”. A última vez que o vi foi num domingo, na missa das 18h, no Santuário-Basílica da Nossa Senhora Medianeira, onde o abracei afetivamente, pois se encontrava entristecido pela recente morte de sua querida esposa.
Depois da minha vinda para Florianópolis, há quase nove anos, nunca mais tive notícias dele. Soube que o mestre faleceu e foi enterrado dia 25 de maio de 2012, às 15 horas. Se estivesse em Santa Maria teria ido ao seu velório e a seu sepultamento.
Chove torrencialmente no sul do país. E também chove dentro de mim. Uma chuva mansa da melancolia. Que Deus abençoe a santa alma do meu amado mestre.
Personifico nesta homenagem ao Edgar meu carinho a todos meus ex-professores e colegas professores, talvez uma das classes mais desprezadas no Brasil em todos os tempos por todos os governos de todos os partidos. Desejo que os poderosos do futuro sejam menos corruptos e canalhas e destinem mais verbas para a Educação e para os salários de todos os tipos de trabalhadores em Educação !!!

James Pizarro

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