quinta-feira, 3 de setembro de 2015

(DES)GOVERNOS - James Pizarro

(Des) governos


James Pizarro

por James Pizarro em 03/09/2015
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A ideia que me ficou na cabeça depois de anos de aulas de História no Maneco, colégio exemplar de Santa Maria, foi de que o mundo ocidental teve duas pátrias intelectuais. Na Modernidade, a França. Na Antiguidade, a Grécia e Roma. Estudei quatro anos de Latim e - por consequência - muita coisa sobre Roma e os romanos. E ainda hoje nas mínimas coisas, nos ditos populares mais simples, sinto o dedo de Roma.
Quando a gente quer desprezar uma pessoa, diminuí-la, dizendo que a mesma não tem importância alguma, afirmamos que ela é “um zero à esquerda da vírgula”. Ou então, o gaúcho usa muito o “nem fede nem cheira”. Em Roma essa expressão já existia : “nec utilis, nec inutilis”. Tradução : não é útil, nem inútil. Não é pega, nem gavião. Não é carne, nem peixe. Isto é: “Nem fede, nem cheira”.
Vejamos alguns exemplos práticos atuais na área da política brasileira.
Mal a Petrobras terminou a construção de uma refinaria na Bolivia, o “cumpanheiro” Evo Morales nacionalizou a mesma e o Brasil teve prejuízo de 1 bilhão de dólares. E o governo (?) brasileiro achou normal. Nem protestou junto à ONU e nem retirou embaixador, muito menos rompeu relações. Isto é, o nosso governo (?) “Nec utilis, nec inutilis”.
Ex-governador gaúcho quando ministro da área da Educação em boa hora e com espírito justiceiro fez aprovar o chamado piso salarial do magistério, antiga reivindicação da categoria. Anos depois, transformado em governador, descumpriu sua própria lei e não pagou este piso – ao arrepio da lei – ao magistério do seu Estado. Portanto, se trata de uma lei. “Nec utilis, nec inutilis”.
Dezenas de países africanos tiveram dívidas perdoadas pelos presidentes Lula e Dilma sabe-se lá com que interesses internacionais (uma cadeira entre os maiorais da Segurança na ONU, segundo dizem ?). Mas esta mesma “bondade” mostrada para com os países do outro continente transforma-se em sadismo puro ao bloquear as contas do Rio Grande do Sul condenando seu funcionalismo à miserabilidade. Nosso governo (?) “Nec utilis, nec inutilis”.
O governador gaúcho, que tem andado a passos de lesma e mostrado duvidoso humor (“Piso é na Tumelero”...em piada de péssimo gosto), ao parcelar salários em cotas de 600 reais para parte dos funcionalismo enquanto os que ganham mais seguem ganhando normalmente, faz algo ultrajante! Deveria receber também 600 reais por mês (ele e todos os secretários) para sentir na própria carne o drama alheio. Mas por que não o fazem? Simples : “nec utilis, nec inutilis”.
E o povo segue suportando a maior carga tributária do planeta, a maior voracidade fiscal do mundo. Segue comportadinho. Masoquistamente. Com sua vocação galinácea. Toma no rabisteco. Sai cantando. E pede desculpas porque ficou de costas.

James Pizarro

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