quarta-feira, 4 de setembro de 2013

PAULO STUART WRIGHT, CATARINENSE TORTURADO E MORTO - James Pizarro

No dia 4 de setembro de 1973 - hoje completam-se quatro décadas - desapareceu em São Paulo o político PAULO STUART WRIGHT, catarinense nascido em Joaçaba. Ele era deputado estadual em Santa Catarina e estava preso nas dependências do DOI - Codi, na capital paulista. No DOPS/PR, o nome de Paulo foi encontrado numa gaveta com a indicação “falecido”.

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Delora Jan Wright, sobrinha de Paulo, escreveu o seguinte depoimento:

“Isso aconteceu em São Paulo, Capital, possivelmente nos dias 2, 3 ou 4 de setembro de 1973. Segundo informações de Osvaldo Rocha, dentista, militante político da APML, na ocasião do desaparecimento de Paulo, ambos estavam juntos num trem que ia de São Paulo a Mauá, na grande São Paulo; nessa ocasião, ao terem percebido pessoas ligadas à repressão política, Osvaldo desceu do trem em primeiro lugar e Paulo teria descido em outro ponto.

Ao chegar em sua residência, localizada em São Paulo, Osvaldo veio a ser preso por policiais, sendo, em seguida, conduzido às dependências do DOI-CODI(OBAN), onde foi despido e agredido violentamente e, nessa oportunidade, viu no chão a mesma blusa que Paulo usava no trem que o conduzia a Mauá. Foram impetrados Habeas-Corpus pelo advogado José Carlos Dias em favor de Paulo Stuart Wright e Pedro João Tinn, nome falso usado por ele inclusive nos documentos pessoais.

Uma série de iniciativas foram tomadas visando a sua localização. A primeira providência no sentido dessa localização foi a ida do irmão, Jaime Nelson Wright, acompanhado de um Coronel, cujo nome é Teodoro Pupo, ao DOI-CODI, onde falaram com um Sargento, que demonstrava muito nervosismo. Após essa conversa com o sargento, este foi ver alguma coisa lá dentro, voltando meia hora depois, quando, então, informou que não havia ninguém com o nome de Paulo Stuart Wright.

Dias depois, houve uma outra iniciativa, no sentido da localização de Paulo, quando um Pastor Metodista que tinha relações de parentesco com o Major Ustra e se dispôs a ajudar a família. O Pastor informou os familiares de Paulo que o Major Ustra mostrou a ele, nas dependências do DOI-CODI, uma pasta onde constava apenas o título de eleitor de Paulo Stuart Wright e que não tinha nenhuma notícia do paradeiro do mesmo. O Major Ustra não soube justificar os motivos pelos quais não tinha notícia do paradeiro de Paulo.

Uma dentista, cujo nome é Marlene de Souza Soccas, contou ter sido presa em 1970, ficando detida nas dependências do CENIMAR (Centro de Informações da Marinha), onde pôde ver um painel com várias fotografias de Paulo, o que, desde então, indicava que o mesmo já era procurado pelos órgãos de repressão.

Além das iniciativas tomadas pelos familiares de Paulo, no âmbito nacional, outras tiveram ensejo no Forum Internacional, em virtude da sua dupla cidadania. Foram feitas junto ao Departamento de Estado e ao Senado, nos Estados Unidos, sendo certo que as autoridades brasileiras continuaram negando a prisão de Paulo Stuart Wright, entendendo que se tratava de uma ingerência do governo norte-americano, até porque Paulo havia sido Deputado do Parlamento Brasileiro, mais precisamente na Assembléia Legislativa de Santa Catarina. Apesar de todos os esforços empreendidos pelos familiares, Paulo até hoje não foi encontrado e a convicção de que foi assassinado, está baseada em declarações prestadas por terceiros que constam entre os documentos do Projeto ‘Brasil Nunca Mais’.”

A respeito de sua militância e desaparecimento, ver o livro “O Coronel Tem Um Segredo: Paulo Wright Não Está em Cuba”, de Delora Jan Wright, Editora Vozes, São Paulo."

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Nos anos 80 foi realizado um filme, com tomadas em Florianópolis e Joaçaba, relatando a vida e o desaparecimento de Paulo Stuart Wright. Título do filme : "PSW - Uma Crônica Subversiva". Antônio Fagundes fez o papel de Paulo Stuart Wright, sob a direção de Paulo Halm e Luiz Arnaldo. O filme foi uma produção de Zeca Nunes Pires, Norberto Depizzolatti e Nildo Ouriques.

O jornalista Rafael Martini referindo-se a este filme, escreveu na sua coluna VISOR, publicada no Diário Catarinense, edição de 2 de setembro de 2013 : "...ninguém sabe ao certo onde foram parar as cópias do longa-metragem, gravado nos anos 80."

Mais um mistério catarinense !

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