sexta-feira, 25 de maio de 2012

PROF. EDGAR LIBINO KLOECKNER MORREU

Talvez tenha sido um dos mestres que mais influência teve na minha formação, pois sempre nutri verdadeira admiração por sua cultura e inteligência. Ficava fascinado por sua extraordinária memória. É de sua autoria essa frase que ainda hoje repito aos meus alunos do Colégio Coração de Maria : "A memória é esta incrível faculdade que só possui uma propriedade : a de esquecer as coisas que aprendeu". E o Edgar nos ensinava então que, "para não esquecer, só há um método : a técnica da repetição". Foi meu professor de francês durante três anos no Maneco. E muito anos depois, já formado em Agronomia, quando resolvi cursar Comunicação Social-Jornalismo (acabei cursando apenas 4 semestres) foi novamente meu professor na disciplina de "Comunicação em Língua Francesa". Ex-seminarista, cunhado do ex-padre Ir. Vitrício (famoso pelos seus dons mediúnicos e parapsicológicos), o Prof. Edgar era dono de uma vastidão de conhecimentos que embasbacava alunos sensíveis como eu, que ficavam boquiabertos diante do mestre. Morava num apartamento da Galeria do Comércio, no Calçadão. Depois de aposentado, foi morar nas proximidades do Supermercado Nacional, à rua Marques de Herval, onde o visitava sempre. No intervalo de uma das aulas da Comunicação Social, fui ao corredor falar com o mestre, porque havia achado o mesmo meio triste, depressivo, durante a primeira hora de aula. Contou-me ele que tinha acabado de chegar de viagem, motivada pela morte de um irmão seu, figura a quem muito prezava. Deitou a cabeça sobre a báscula da janela do corredor do prédio da Antiga Reitoria e pôs-se a chorar, o que muito me comoveu. Há alguns anos, sofreu cirurgias melindrosas para lhe extirpar um câncer intestinal, razão pela qual ficou mais de dez horas anestesiado. Disse-me ele : "Acho que as anestesias deixaram sequelas na minha memória". A última vez que o vi foi num domingo, na missa das 18:00h, no Santuário-Basílica da Nossa Senhora Medianeira, onde o abracei afetivamente, pois se encontrava entristecido pela então recente morte de sua querida esposa.
Depois da minha vinda para Florianópolis, há quase cinco anos, nunca mais tive notícias dele.
O mestre faleceu e foi enterrado  dia 25 de maio de 2012, às 15 horas.  Se estivesse em Santa Maria teria ido ao seu velório e a seu sepultamento.
Chove torrencialmente em Florianópolis.
E também chove dentro de mim, chuva mansa da melancolia.
Que Deus abençoe a santa alma do meu amado mestre.

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AUTOR : James Pizarro


terça-feira, 22 de maio de 2012

Diário Catarinense ganha novo site e Leitor-Repórter também muda


O Diário Catarinense lançou uma série de novidades digitais que inclui novo layout na web, um site para ser acessado por celular e aplicativos para iPhone, smartphones Android e Facebook.
As mudanças consumiram mais de um ano de dedicação da área de desenvolvimento de produtos digitais da RBS e da redação do DC, para que os novos produtos possam facilitar a vida do usuário e estimular sua interação com o conteúdo.
Ao digitar www.diario.com.br a partir de agora, o internauta vai se deparar com a primeira grande transformação: um site novo, com identidade visual renovada e assuntos apresentados de forma hierarquizada. Mais organizada, a capa tem fotos maiores, além de vídeos e infográficos que rodam na própria página.
Na mesma linha, o clicEsportes sai do ar para dar lugar à seção de Esportes. Com foco no futebol catarinense, cinco clubes têm suas próprias seções: Figueirense, Avaí, Chapecoense, Criciúma e Joinville. Para os fãs de futebol, o site ganha ainda uma área específica para o Catarinense 2012 e uma ferramenta de bolão, que permitirá o registro de palpites para os jogos do campeonato e o acompanhamento da pontuação em um ranking com todos os participantes.
A partir de agora, também fica mais fácil compartilhar o conteúdo do Diário Catarinense nas redes sociais. Os botões de Twitter, Facebook e Google+ aparecem logo abaixo dos títulos das matérias. Além disso, os perfis do jornalistas e páginas do jornal no Facebook ganham visibilidade nas capas e outras áreas do site.
O Leitor-Repórter e as outras ferramentas de envio de conteúdo pelos usuários também mudaram. Participar ficou ainda mais fácil.
Os assinantes do jornal também ganham duas formas de acesso à versão digital: com um menu superior para destacar uma notícia exclusiva do jornal impresso e uma área fixa com a capa do dia.
Para quem acessar o DC por celular, um novo mobile site (http://m.diario.com.br) adaptará o conteúdo digital à tela do aparelho, com navegação por notícias, fotos e previsão do tempo. O pacote de novidades digitais inclui ainda aplicativos para iPhone e celulares Android, que vêm com galerias de fotos, listas de notícias, previsão do tempo, filtro de conteúdo por seção e acesso às notícias da versão impressa (para assinantes).
Finalmente, no Facebook, foi lançada a primeira versão de um aplicativo de leitura social de notícias. Por enquanto, ele apresenta as últimas 20 notícias do Diário Catarinense, mas novas funcionalidades serão acrescentadas. Para usá-lo, é preciso ter um perfil na rede social e acessar http://apps.facebook.com/diariocatarinense.

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FONTE : http://wp.clicrbs.com.br/leitor-reporter/page/2/?topo=67%2C2%2C18%2C%2C%2C67

Professores da UFSC lançam a publicação ‘Mudanças Climáticas – Clima de Mudanças’

Mudanças Climáticas – Clima de Mudanças
As alterações do clima podem representar riscos para alguns e oportunidades para outros. O alerta faz parte da publicação ´Mudanças Climáticas – Clima de Mudanças`, lançada no âmbito do projeto Rede Europeia Sul-Americana para Avaliação da Mudança Climática e Estudos de Impacto na Bacia do Prata (Projeto Claris).
Os autores são Luiz Renato D´Agostini e Sandro Luis Schlindwein (professores do Departamento de Engenharia Rural da UFSC), Alfredo Celso Fantini (Departamento de Fitotecnia) e Sérgio Roberto Martins (Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental), todos integrantes do Núcleo de Estudos em Monitoramento e Avaliação Ambiental (Numavam).
Integrado à rede de pesquisa que envolve 19 institutos de nove países, o Núcleo ligado ao Centro de Ciências Agrárias da UFSC ficou responsável por estudar a adaptação aos impactos das mudanças climáticas na Bacia do Prata, além de ouvir e orientar agricultores sobre as alterações climáticas que deverão enfrentar.
Em linguagem de fácil entendimento, a publicação aborda a evolução do clima na Terra, o clima nas diferentes regiões, o registro sistemático de dados sobre quantidades de chuvas e variações de temperatura, o funcionamento da atmosfera – nosso “cobertor inteligente”, conhecimento básico para entender o aquecimento global.
Direcionado a públicos como comunidades rurais e estudantes da educação básica, o livro trata também da energia luminosa, da energia química e da energia térmica (o calor que aquece a superfície do nosso Planeta), do efeito-estufa, da influência dos humanos sobre fenômenos e alterações climáticas, das diferenças entre mudança climática, variação climática e eventos climáticos – e a mudança climática planetária, principal assunto abordado. Dedica atenção especial a uma das atividades humanas que mais será atingida pelas mudanças climáticas: a agricultura.
“A ignorância sobre o clima, assim como em outros assuntos, já trouxe sofrimento demais para muitos seres humanos. Hoje sabemos bem mais sobre tudo isso que acontece com o clima em diferentes lugares, ou mesmo em toda a Terra. Mas se não aprendermos ainda mais, pode ser que nós humanos venhamos a sofrer de novo, e até mais do que já se sofreu no passado por causa de velhos costumes da mãe Natureza”, destacam os pesquisadores na publicação.
Adaptação
A última grande mudança planetária do clima terminou há cerca de10 mil anos, lembram os autores. Foi mais ou menos no fim desta época que os mamutes, os tigres dente-de-sabre e outros animais desapareceram – provavelmente porque não conseguiram se adaptar à mudança do clima.
“Todos aqueles que não se adaptam ao clima onde vivem desaparecem. É importante nos lembrarmos sempre disso. Não para viver em um clima de medo, mas para despertar em nós um clima de atenção”, ressaltam os professores, que dedicam diversas páginas ao tema adaptação.
A equipe defende a necessidade de estudos sobre estratégias de adaptação ao clima que muda. Mas, ressalta, é preciso ter cuidado com o que se entende por adaptação, porque o seu resultado também pode ser ruim. Para ilustrar esse problema, os professores usam a metáfora do sapo que lentamente vai se adaptando à água cada vez mais quente em uma panela, até morrer cozido, já que quando pretende reagir não é mais possível.
“Vivemos um dilema, pois o processo é lento e esperar muito pode significar não conseguir reagir”, reforça o professor Sandro Luis Schlindwein, coordenador do Projeto Claris no Numavam/UFSC.
Ele lembra que no início do projeto, em 2008, além de apresentar um diagnóstico da situação do clima, e trabalhar com a projeção das mudanças climáticas para as próximas décadas, a Rede Europeia Sul-Americana para Avaliação da Mudança Climática e Estudos de Impacto na Bacia do Prata tinha como expectativa poder apontar estratégias de adaptação para a região. Na equipe de mais de 150 pesquisadores o Núcleo da UFSC ficou encarregado de estudar essas estratégias de adaptação e, entre outras pesquisas, três dissertações foram direcionadas a analisar a percepção de pequenos produtores rurais do extremo oeste de Santa Catarina e de agricultores cooperados no Rio Grande do Sul sobre as mudanças climáticas. Assim como outras experiências, estes estudos provocaram mudanças na visão inicial (se não de toda equipe, mas de diversos pesquisadores integrados à Rede, considera Schlindwein).
“Desenvolver estratégias de adaptação é muito mais difícil do que se pensava, pois a percepção sobre as mudanças climáticas é complexa. As pessoas percebem mais a variabilidade do clima, dizem por exemplo que o sol parece mais quente, mas a percepção depende do contexto onde se dá o fenômeno”, explica o professor.
Oportunidades
Diante da complexidade do assunto, da dificuldade em lidar com diferentes percepções e de determinar objetivamente a vulnerabilidade à mudança climática, ao invés de propor estratégias de adaptação, a equipe desenvolveu um quadro conceitual (um framework) que pode auxiliar nesse processo. O dispositivo tem como objetivo ajudar no desenvolvimento de estratégias de adaptação a partir da caracterização do estado atual do sistema de interesse e de sua vulnerabilidade, pela identificação de ameaças e da percepção de riscos, entre outros pontos, em um ciclo contínuo de aprendizagem sobre a situação.
“A adaptação pode ser mais complexa do que a mitigação, que envolve ações como a redução das emissões de gases de efeito estufa. A adaptação é uma reação à mudança e não é possível generalizar estas reações”, ressalta Sandro, lembrando que iniciativas com esse objetivo têm relação com aprendizagem e a consciência de que a problemática climática precisa ser tratada de forma sistêmica (o que implica levar em conta que interesses estão em jogo, quais as implicações das escolhas feitas, quem vai se apropriar das oportunidades, entre outras questões).
Na visão dos pesquisadores, ter uma estratégia de adaptação às alterações do clima é ter um plano, é saber ou imaginar quais as atitudes seriam mais adequadas para continuar a viver bem, mesmo que o clima mude muito. “Precisamos encontrar formas criativas de o poder público orientar e regular as adaptações. Do contrário pode acontecer uma adaptação baseada somente no poder econômico, no dinheiro. Seriam mais apropriações de oportunidades pelos mais ricos do que cuidar que continuem a existir oportunidades para todos produzirem”, preocupam-se os autores.
No mês de setembro, os pesquisadores da rede ser reúnem no Uruguai para compartilhar experiências e resultados. “Não queremos passar uma imagem catastrófica. Nossa postura é de esperança, de aprender a mudar, de oportunidade de pensar e agir diferente, em clima de mudança”, adianta Schlindwein.
Mais informações com o professor Sandro Luis Schlindwein / Departamento de Engenharia Rural (48) 3721-5434 / (48) 3721-5482
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Saiba Mais
Projeto Claris
A Rede Europeia Sul-Americana para Avaliação da Mudança Climática e Estudos de Impacto na Bacia do Prata é coordenada pelo Institut de Recheche pour le Développment (IRD), com sede em Paris, e tem envolvimento de 19 institutos de pesquisa de nove países. No Brasil, além da UFSC, participam a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O financiamento do estudo, no valor de 3,5 milhões de euros, é da Comissão Europeia.
A Bacia do Prata
Quinta maior do mundo, a Bacia do Prata tem grande importância para a agricultura e geração de energia hídrica na América do Sul. Regiões do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai fazem parte de sua área de abrangência, que engloba os rios Paraná, Paraguai e Uruguai, além do rio da Prata, com delta entre Uruguai e Argentina. A área agrícola nesta região tem se ampliado nas últimas décadas com a pressão da demanda mundial por alimentos e biocombustíveis. Dezessete por cento de sua área está na América do Sul e 63% da superfície de Santa Catarina está em seu no interior. No Estado a Bacia do Prata abarca os rios que correm na direção oeste – Pelotas/Uruguai, Canoas, do Peixe e Chapecó, entre outros.

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FONTE : UFSC
EcoDebate, 22/05/2012

sábado, 12 de maio de 2012

OBRIGADO, MINHA MÃE !!!

Minha mãe se chama Maria, conhecida por todo mundo pelo nome de Iria...Dona Iria. Minha avó materna, vó Olina, contava que o nome dela era para ser Maria Iria e que meu avô, na hora do registro, esqueceu e registrou apenas como Maria.
Ela cresceu como filha biológica única, mas com três irmãos adotivos : José, Moisés e Carmelita. Foram três irmãos adotados pelos meus avós, diante da morte dos pais biológicos deles, amigos da família.
Minha mãe estudou todo o Curso Elementar (depois chamado Ginásio e hoje chamado Ensino Fundamental) no Colégio Santa Terezinha (hoje prédio do MANECO), internato e semi-internato mantido pela Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul em sua época áurea. No turno da manhã, minha mãe tinha as disciplinas pertinentes a esse tipo de curso (Matemática, Português, Ciências, Geografia, História, Música, etc...). Pela tarde aprendia bordado, tricô, tocar violino, educação física, etc...Minha mãe sempre dizia que as freiras do Santa Terezinha usavam a frase : "De manhã se educa a mente e a alma, pela tarde se educa o corpo".
Aos 16 anos conheceu Alfeu, meu pai, e pouco tempo depois casaram. Foram morar na rua Silva Jardim, 2431.
Minha mãe ajudou na árdua luta de sustentar uma família com dois filhos, construir uma casa própria com o ordenado de funcionário público de meu pai, que trabalhava em dois empregos. Exímia na arte de fazer doces, durante anos fez e vendeu doces sob encomenda para casamentos e aniversários. Nunca teve empregada doméstica. A família sempre recebeu ajuda providencial, quando necessário, de meu avô materno, Seu Fredolino. Como ferroviário, ganhava muito bem à época e podia prestar este auxílio e o fazia de bom grado.
As únicas diversões das quais me lembro eram freqüentar todos os circos que chegavam a Santa Maria. Ir aos bailes mensais do Clubes de Atiradores Santamariense. E não perder as esporádicas festas do Grupo de bolão 7 de setembro, de cuja equipe meu pai era o "capitão", pois era exímio bolonista.
Depois de idosa, minha mãe freqüentou aulas na UFSM como aluna especial. Engajou-se na luta política da terceira idade na cidade, sendo uma das fundadoras do grupo "Mexe Coração", com sede no Centro de Atividades Múltiplas, no Parque Itaimbé. Participou de aulas da caratê. Foi atriz de vários espetáculos do grupo teatral da terceira idade, onde se revelou notável comediante. Viajou pelo interior gaúcho para apresentações teatrais. Fez parte do coral dos idosos. Frequentava as aulas recreativas de natação na piscina térmica da UFSM. Enfim, teve uma vida socialmente participativa
Esteve casada com meu pai durante 63 anos de feliz união, pois ambos se completavam. Ficou viúva em 9 de maio de 2004, quando meu pai morreu vitimado por complicações pós-operatórias advindas de uma cirurgia cardíaca.
Vive na mesma casa ainda. . Minha irmã Jane mora com ela. Acompanhada por uma atendente de idoso. Amparada por um excelente plano de saúde. Ela tem grande afinidade com minha mulher, sua nora. Insisti até à exaustão para trazê-la para a praia de Canasvieiras para gozar do sossego de uma praia maravilhosa no final de sua vida. Já estava em meus planos alugar um apartamento maior, onde ela teria a privacidade de seus aposentos. Insisti então para que ela viesse viver nem que fossem alguns meses durante o ano em frente ao mar. Os percalços, os problemas, a viuvez, a distância...tudo isso poderia ser resolvido se ela aceitasse vir em definitivo. Mas conheço minha mãe... depois de dizer não, é não.
Contentei-me, então, com conversas telefônicas semanais. E com visitas esporádicas a Santa Maria (já trouxe duas vezes minha mãe no mês de novembro de 2008 e 2009 para passar trinta dias aqui na praia comigo). Infelizmente, a minha opção de vir morar na praia, desejo acalentado há anos, não coincidiu com a opção de minha mãe. Lamentei pela opção que ela fez. Mas que sou obrigado a respeitar. Dia 4 de fevereiro de 2012 estive em Santa Maria para festejar os 90 anos de minha mãe, junto com dezenas de parentes, vizinhos e amigos, em animado jantar no Restaurante Vera Cruz. De 19 a 25 de abril de 2013 estive também em Santa Maria. E em janeiro de 2014 também estive em Santa Maria para visitar amigos, parentes e visitar minha mãe por 29 dias. Enfim, voltei todos os anos  para visitas. Até que agora - maio de 2016 - depois de quase dez anos na praia, já com 74 anos, decidi retornar aos pagos, ficar perto dos filhos, netos, amigos, ex-alunos, meus médicos, minha cidade natal.
É uma bênção e uma alegria ter ainda ter a mãe viva na minha idade.
Toda missa de domingo, dedicada às mães,  rezo pela sua saúde e agradeço a Deus pela sua existência.
Obrigado por tudo, minha mãe !!!

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AUTOR : James Pizarro

quarta-feira, 2 de maio de 2012

FLORIANÓPOLIS : EMISSÁRIO NO CAMPECHE ?

"Emissário no Campeche, não!" - Elaine Tavares


O Campeche decidiu e não havia nada mais a discutir. A obra do emissário não seria feita. Há anos a empresa de saneamento insistia no projeto. Fazer um grande cano levando a bosta da cidade para o mar. E a saída seria ali, nas águas da praia. Mas, a gente do lugar era assim, decidia e fazia cumprir. O prefeito – que nem nascera na cidade – desconhecia aquela força e, sem ligar, mandou a obra seguir. Do nada apareceram operários, máquinas, cimento, tijolos. Surdo aos desejos das gentes ele tocava para frente o emissário. O homem da empresa de saneamento jurava de pés juntos que o esgoto não poluiria a praia. “Vai sair longe, não chegará à margem”. E os repórteres reproduziam à exaustão as mentiras bem armadas. Não seria uma comunidade atrasada que impediria a cidade de se modernizar.

Dentro das casas, o povo esperava. Vez ou outra passava pela obra algum morador, de olhos compridos, espiando. As mulheres ressuscitavam bruxedos e nas noites de lua dançavam na praia, invocando poderes adormecidos. As crianças recolhiam ervas e bichos para as poções de encantamento. As velhas recitavam antigas orações achadas nos baús. Os mais jovens se reuniam na praia e socializavam entre eles os planos que se urdiam nas casas.

Então, numa noite de lua nova, quando a escuridão caia como um manto sobre a cidade, no Campeche não se viu qualquer luz. Escondidas pelo negrume, as pessoas saiam das casas, uma a uma, em direção ao rancho de canoa. Lá dentro os velhos faziam arder o caldeirão e só se ouvia o estalido da madeira, salpicando uma chama bem tímida. O mar se agitava, a maré bem cheia. O vento soprava terral, uivando, feito bicho.

No rancho, as gentes se postavam em roda. Um murmúrio baixinho embalava o girar da colher de pau no caldeirão. As mãos se fechavam umas nas outras, o murmúrio aumentava, e na noite de maio, aquele barulho de vozes humanas se fez ensurdecedor. Era como um vagalhão alucinado invadindo a cidade. Assustador.

Os homens da obra despertaram. O que era? As vozes, os murmúrios alucinantes, o cheiro de jasmim. Saíram para a rua e não viam nada. Era o breu. Lá longe, no mar, parecia assomar uma vaga de água, alguma coisa mais escura do que a própria noite. Os cabelos arrepiaram, o coração parou. “Bem que avisaram que aqui tinha bruxa”, disse um. “Bobagem”, disse outro, enquanto sentia um bafo quente na nuca. A fumaça ou sei lá o quê foi adensando e cobriu a obra, com gente e tudo. A estação de tratamento, quase pronta, sumiu na bruma. Houve barulho de lata, prego, cano. Tudo esboroava. Os trabalhadores amoleceram e perderam os sentidos. Na escuridão do Campeche só a fumaça e o murmúrio eram constantes.

No centro da cidade, o prefeito acordou enregelado. Um aperto no peito, uma sufocação. Levantou e foi tomar água. Espiou pela janela e petrificou. Lá fora, envolta na escuridão, uma mulher bem alta, branca como a lua, olhava para ele com olhos de fogo. Não disse palavra. Apenas o olhar, assustador, felino. O prefeito voltou para a cama como um autômato. Dormiu num segundo.

Quando o dia amanheceu no Campeche já não havia obra. Alguns homens atordoados se perguntavam o que faziam tão longe de casa. As pessoas os acolhiam com um chá quente e logo foram embora, sem saber o que passara. No gabinete do prefeito, quem chegara nem de longe parecia o jovem ariano, pretencioso. Como um zumbi, se debruçou sobre os papéis e começou a babar. Nunca mais foi o mesmo. Vieram médicos, psicólogos e especialistas, sem encontrar cura. O vice, que era filho do lugar, sumiu no mundo. Ninguém mais soube dele. O presidente da companhia de saneamento esqueceu os últimos setes anos e foi viver em um sítio em Antônio Carlos.

Na praia, as pessoas seguiam suas vidinhas. Jogar a canoa no mar, colher o peixe, um violão ao anoitecer, o terno de reis, a bandeira do divino, a festa de são Sebastião, as ruas sem asfalto, as damas-da-noite com seu cheiro doce, o pão-por-deus. O tal emissário que jogaria a bosta da cidade no mar? Nunca mais se ouviu falar. E quando alguém do poder tenta trazer à memória esse “monstro de cocô”, as mulheres se entreolham e balançam a cabeça furtivamente. É quando uma fumaça densa e escura começa a se formar... Ninguém brinca com o povo do Campeche, não... Ah, não...!

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FONTE : jornalista ELAINE TAVARES, blog PALAVRAS INSURGENTES, http://eteia.blogspot.com.br/2012/05/emissario-no-campeche-nao.html

terça-feira, 1 de maio de 2012

ATENÇÃO IDOSOS !!!

Esta verdade legal nem os hospitais, nem os planos de saúde divulgam.

De acordo com o Art. 16, Capítulo IV, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): "Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo critério médico."
Por "condições adequadas" entenda-se : o pernoite e as três refeições. Independe do plano de saúde contratado pois está na lei. Recebi orientação de uma advogada que entende do assunto. Dois idosos conhecidos conseguiram o benefício apenas falando com o hospital e o plano de saúde. Eles cederam logo porque sabem que é um direito, apenas não avisam... Sabe como é... Temos que correr atrás!  DIVULGUEM AOS IDOSOS !

Empresárias oficializam primeiro casamento homoafetivo de Blumenau

Empresárias oficializam primeiro casamento homoafetivo de Blumenau Patrick Rodrigues/Agencia RBS
Ana Paula (E) e Daiane comemoram o registro civil Foto: Patrick Rodrigues / Agencia RBS


A casa comprada no Bairro Progresso pelas empresárias Ana Paula Dias, 26 anos, e Daiane de Souza, 25, marca um novo momento na vida delas. Companheiras desde 12 de abril de 2009, quando se conheceram em uma festa, as duas largaram os empregos antigos, abriram uma madeireira e uma transportadora e agora enfrentarão dois novos desafios.

Há dois meses, Ana Paula está grávida de gêmeos, por meio de uma inseminação artificial. Para que os filhos tenham os direitos garantidos e os nomes das duas na certidão de nascimento, elas decidiram casar oficialmente no civil. Depois de mais de um mês de trâmites burocráticos, o documento oficial foi emitido na última sexta-feira. Na manhã desta segunda-feira, as duas oficializaram a união no Cartório Braga Varela, tornando-se o primeiro casal a registrar um casamento homoafetivo em Blumenau.

— Já somos casadas desde 12 de abril de 2009, mas quisemos registrar isso para garantir os direitos dos nossos filhos_ destaca Daiane.

Receosas de que o pedido para a união fosse negado pelo Ministério Público (MP), que analisa os pedidos de casamento enviados pelo cartório, as duas contrataram uma advogada. Com isso, caso necessário, a defensora entraria com recursos na Justiça para buscar o direito delas.

Em janeiro deste ano, as duas fizeram a escritura de união estável, usada para fazer a conversão ao procedimento civil encaminhado ao cartório. Com o reconhecimento do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio do ano passado, da união estável homoafetiva como entidade familiar, o procedimento protocolado por Ana Paula e Daiane foi aceito sem que fosse necessária a intervenção de processos judiciais.

— Eu obedeci a orientação do STF — resume o promotor Hélio José Fiamoncini, que há 11 anos analisa os pedidos de união civil em Blumenau.

Casal planeja nome dos filhos
Sexta-feira, quando receberam a notícia da confirmação, Ana Paula e Daiane marcaram a festa que reuniu amigos e familiares, no dia seguinte. Sem qualquer cerimônia, elas assinaram a documentação ontem de manhã e saíram do cartório com a certidão de casamento nas mãos e um sorriso no rosto.

A partir de agora, os avós já estão imbuídos em decorar o quarto da casa nova para os netos, que devem nascer no fim deste ano. Ainda sem saber o sexo das crianças, as empresárias apostam em um casal:

— Se for isso, será João Vítor e Maria Eduarda _ preveem.

Para quem pensa que o crescimento da família terminará com o nascimento dos gêmeos, Daiane já reconhece que também pensa na possibilidade de engravidar futuramente.
 
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FONTE : jorn. Ânderson Silva, JORNAL DE SANTA CATARINA, Blumenau, Foto: Patrick Rodrigues / Agencia RBS.