sábado, 26 de novembro de 2011

IBERÊ CAMARGO - James Pizarro




Iberê Camargo começou a estudar pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria,RS, por volta de 1927. Seus professores foram Frederico Lobe e Salvador Parlagrecco, ambos acadêmicos.
Oito anos depois, em 1936, mudou-se para Porto Alegre, onde começou a trabalhar na Secretaria de Obras Públicas, no departamento de saneamento e urbanismo. Em 1939 entrou para o curso técnico de Arquitetura, no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre.
Já casado, voltou a pintar em 1940, utilizando sua esposa, Maria, como modelo. Seu interesse pela pintura foi aumentando e ele passou a desenhar pessoas comuns, empregadas domésticas, e às vezes modelos encontrados na “Sopa-do-pobre”.
Em 1942, quando mudou-se para o Rio de Janeiro, conheceu Cândido Portinari e não gostou de sua obra. Mesmo aconselhado por Portinari a não ingressar na Escola Nacional de Belas Artes, Camargo insistiu em matricular-se. Pouco tempo depois saiu de lá, irritado com as influências acadêmicas.
Nesta mesma época conheceu Guignard, que se tornou seu professor e mais tarde, em 1943, fundou o grupo Guignard. O grupo se reunia para ter aulas com seu mestre, e durou cerca de um ano, acabando quando Guignard foi para Belo Horizonte.
Iberê Camargo mesmo contrariado, não conseguiu desviar-se das influências de Portinari e Segall. Apesar de sempre ter mantido sua identidade, não se entregando a modismos, esta foi uma influência forte em sua pintura.
Até 1958 dedicou-se a retratar paisagens, a fazer retratos - claro que não muito ortodoxos-, mas seguindo a influência de gerações modernistas anteriores já trilhava caminhos próprios. A partir de 1958, já um pintor maduro, passa a dedicar-se a um expressionismo muito individual, carregado de sentimentos dolorosos, como se a figura representada fosse um raio-x das emoções contidas em seu personagem. É desta época a famosa série Carretéis, os quais ele representou das mais variadas formas. Sobre ela, Camargo falou: “Símbolo, signo, personagem – o carretel - da minha infância e agora, nesta fase tema da minha obra, ele está impregnado dos conteúdos do meu mundo”. Teve ainda como tema recorrente bicicletas e ciclistas.
Em viagens para Itália e França, estudou com grandes nomes. Em Roma, estudou com Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, Antônio Achille e Leone Augusto Rosa, e em Paris, pintura com André Lothe.
Das técnicas que utilizou em sua obra destacam-se as camadas de tinta densas, trabalhadas cuidadosamente com a espátula, o que deu um caráter mais expressionista às suas obras. No entanto, Iberê Camargo era autor de um expressionismo livre de religiosidade e imaginação. Ele baseava-se no real, para então distorcê-lo. Em suas obras, preocupação social e equilíbrio entre emoção e racionalidade.
Nos anos 80 volta a representar a figura, mas agora em um contexto altamente dramático.
Iberê foi ainda professor, criador do curso de gravura no Instituto Nacional de Belas Artes, escreveu artigos e um livro - A gravura – sobre gravura em metal.
Iberê Camargo, o artista que se tornou conhecido por pintar emoções, e não apenas figuras, morreu em 9 de agosto de 1994, no Rio de Janeiro.

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