domingo, 3 de janeiro de 2010

"A BUNDA QUE VALE TUDO"

IRACEMA DANTAS DE ARAUJO, grande amiga de Goiás, me encaminhou um -email pelo qual muito agradeço. Pessoa de notável sensibilidade, leitora e colaboradora do meu blog, ela conhece beu gosto e meu jeitão e - certamente por isso - encaminhou o soneto genial de seu parente. Publico, abaixo,  o e-mail na íntegra.
*********************************************************

"Vale a pena ler essa preciosidade da década de 40 que meu primo Manoel Neto publicou em http://nataldeontem.blogspot.com.

Observação: A palavra bunda está registrada no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1836), de Constâncio, como um angolismo, e no Grande Dicionário Português, de frei Domingos Vieira (1871), na acp. de 'nádegas de gente alcatreira', vale dizer, 'nadeguda'. (Informação retirada do Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)


A Bunda Que Vale Tudo (soneto)
Pedroliveira, meu pai, e Nilson Patriota foram amigos desde a adolescência. Na juventude e durante muito tempo gostavam de se reunir para declamarem poesias, de própria autoria ou de terceiros. Nilson, que se tornou grande poeta, quando jovem usava o pseudônimo La Tequere.

Ao longo do tempo um soneto desta época, feito por Nilson ficou apenas na memória de meu pai. Por diversas vezes, após sua morte ao encontrar-me com Nilson eu repetia o primeiro verso porque não sabia os restantes e ele nunca deixava de cobrar o soneto e nunca o fiz por displicência.

Fiquei devendo isto a Nilson.

Ambos confirmaram a história do soneto: Certo comerciante do Alecrim tinha uma filha muito gostosa, mas do tipo “feia de cara, mas boa de bunda” e nos seus papos, ainda nos anos 40, sempre a viam passar pela Rua Amaro Barreto, e Nilson não perdeu a oportunidade e o soneto ficou.

A Bunda Que Vale Tudo

Quando ela passa, todo mundo espia.

Não para a cara que não é formosa

E sim para a bunda, e que bunda mimosa.

Em bunda eu nunca vi tanta magia.



Treme, requebra, anseia, rodopia,

Dentro de uma expressão maravilhosa

É uma bunda de carne cor de rosa

Da cor do Sol quando é dia.


E ela sabe que essa bunda é boa

Vai rebolando pelo mundo à toa

Deixando a multidão maravilhada.


Eu a contemplo em silêncio mudo

Não pela cara que não vale nada

E sim pela bunda que vale tudo.

(La Tequere)
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.

Nenhum comentário: